terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O silêncio

"Ah, o desperdício de falar, quando há tanta coisa a ouvir de quem não tem nada a dizer. Às vezes somos como o grito de uma serraria, escondendo o solo perfeito de um violino. Só é preciso prestar atenção e ficar em silêncio, para escutar a música que vem do mundo. Nela estão as respostas que procuramos, e nela está a certeza de que todas as perguntas são fúteis quando somos felizes."

Luiz Carlos Lisboa, em "O som do silêncio"

sábado, 12 de dezembro de 2009

E no final o que resta...

"Às vezes, acho que existe um sistema de cotas para a dor, e nem todas conseguem entrar. Ou, então, que há um limite (a ser preenchido durante a vida), a partir do qual nada mais dói, mesmo quando se dedicam a isso fervorosamente! Já para outros, a vitória sobre alguém é tão decisiva e tão significativa que é melhor vencerem, mesmo. Ninguém pode perder num jogo que não é o seu. E o meu único é este aqui: diante de uma tela em branco. Daí, o que importa se me bateram, se de tudo, de tudo! posso escrever uma história? Mas nem se me arrancassem as mãos ou os olhos: eu nunca vi alguém que pudesse roubar do outro a sua sensibilidade ou o seu poder de comoção."

Rita Apoena (ritaapoena.blogspot.com)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Rotina é...

caminhar com passos novos uma mesma (?) estrada.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sobre o tempo

"Este desejo de capturar o tempo é uma necessidade da alma e dos queixos; mas ao tempo dá Deus habeas-corpus."

Machado de Assis, em "Esaú e Jacó"

sábado, 28 de novembro de 2009

Desejo

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."

Clarice Lispector em "Perto do Coração Selvagem"

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Quer saber?

"Os de boa-fé, que sempre os há por mais que se lhes diga, protestaram, indignados, que assim não se podia viver, Se não podemos confiar uns nos outros, aonde é que vamos parar, perguntavam uns, retoricamente, ainda que cheios de razão (...)"

José Saramago em "Ensaio sobre a cegueira"

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Das escolhas na vida

"...E entendi que podia escolher largar ido meu sentimento: no rumo da tristeza ou da alegria - longe, longe, até o fim, como o Sertão é grande..."

(Guimarães Rosa)

O que a vida quer...

"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta: o que ela quer da gente é a coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e ainda mais alegre, no meio da tristeza! Só assim, de repente, na horinha em que se quer, de propósito - por coragem."

(Guimarães Rosa) - (me veio ao conhecimento por alguém com coração de ouro)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

La poesía

"Y fue a esa edad... Llegó la poesía a buscarme. No sé, no sé de dónde salió, de invierno o río. No sé cómo ni cuándo, no, no eran voces, no eran palabras, ni silencio, pero desde una calle me llamaba, desde las ramas de la noche, de pronto entre los otros, entre fuegos violentos o regresando solo, allí estaba sin rostro y me tocaba. Yo no sabía qué decir, mi boca no sabía nombrar, mis ojos eran ciegos y algo golpeaba en mi alma, fiebre o alas perdidas. Y me fui haciendo solo, descifrando aquella quemadura, y escribí la primera línea vaga, vaga sin cuerpo, pura tontería, pura sabiduría, del que no sabe nada, y vi de pronto el cielo desgranado, y abierto, planetas, plantaciones palpitantes, la sombra perforada, acribillada, por flechas, fuego y flores, la noche arrolladora, el universo."

(Pablo Neruda)

Ser um Homem de Conhecimento

"Ser um homem de conhecimento não é um estado que implique em permanência. Nunca há a certeza de que, desempenhando-se passos predeterminados do conhecimento ensinado, a pessoa se torne um homem de conhecimento. Está implícito que a função dos passos é apenas mostrar como se tornar um homem de conhecimento. Assim, tornar-se um homem de conhecimento é uma tarefa que não se pode realizar plenamente; ou melhor, é um processo incessante, que envolve: a idéia de que é preciso renovar a busca para ser um homem de conhecimento; a idéia da transitoriedade da pessoa; e a idéia de que é presiso seguir um caminho com um coração."

(Carlos Castaneda)

sábado, 9 de maio de 2009

O que realmente é nosso

"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus. (...)"

(Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; Escrito entre 1913-15; Publicado em Atena nº 5, Fevereiro de 1925 - Fonte: Wikipedia)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Das utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

(Mario Quintana - Espelho Mágico)

Então saudade é isso...

é sensação de viagem longa que não começa nunca.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Sobre o cansaço de parecer

Não quero parecer o que não seja. Não quero não parecer o que seja. Não quero parecer, mesmo que seja confortável para mim ou para você.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Sobre a espacialidade e sua subjetividade

"A uma estação de estrada de ferro, acompanho uma pessoa, a quem estou muito ligado afetivamente. Sua partida me causa tristeza. Os minutos passam, fecham-se as portas e o trem começa a andar. Instintivamente me ponho a correr, eu sou o veículo, estendo ainda uma vez a mão. Mas o vagão anda mais veloz. Logo me detenho. Olhando-o agora, eu sou o comboio, procuro perceber uma última vez a mão que me acena. Depois, o trem desaparece numa curva; não vejo mais nada agora; contudo, não interrompo o movimento; meu pensamento segue o trem, associa-se à sua marcha, que leva consigo para a distância toda uma parte do meu ser. Pode acontecer que, mesmo após deixar a estação, continue a acompanhar o trem, em regiões distantes. Absorvido por esse movimento, possa então esbarrar em alguém e chamado assim à realidade ambiente (não à realidade mesma), venha a murmurar aí, à guisa de justificativa: 'Perdão, eu estava longe' " (E. Minkowski, citado em Nobre de Melo, 1981, p. 341)